segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Comunismo, socialismo ou algo que o valha


"Aquele que botar as mãos sobre mim para me governar é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo." (lema anarquista)
Tudo bem, eu sei que o Muro de Berlim caiu em 89, A Revolução Russa de 1917 foi um fracasso, a União Soviética não existe mais, a Tchecoslováquia já se desmembrou, Che Guevara foi assassinado há quase quarenta anos, a China abre cada vez mais sua economia para o capital externo (leia-se em grande parte advindo dos EUA, aqueles mesmos do Ronald Mc Donald´s), a Guerra Fria já é um termo estranho para quem tem mais de trinta anos, os únicos países socialistas que ainda resistem, mesmo cometendo graves erros são a Coréia do Norte e Cuba; e não estamos mais nos anos 60. Mas eu continuo sim acreditando em uma revolução social onde as desigualdades sociais sejam extintas e não exista mais a escravidão disfarçada como emprego informal e mesmo formal.
Entendo pouco sobre a teoria do Comunismo, nunca li Marx e só conheço Engels mais de nome. Os outros teóricos então me são praticamente estranhos. Confesso que para falar de um assunto é necessário que eu me aprofunde bem mais e saiba discorrer sobre ele com conhecimento de causa, o que não é o que ocorre nesse momento. Mas de qualquer forma preciso falar sobre o que acredito ser uma das maiores necessidades da sociedade contemporânea, assim como já era no início do século XX e que por motivos diversos ruiu, seja por incompetência dos seus administradores ou mesmo equívocos na construção dos dogmas socialistas.
Em Israel existem os kibutz, que são cooperativas agrícolas em moldes coletivistas, nas quais a comunidade vive em um local geralmente desértico, devido às condições climáticas do país, em um local com a estrutura de uma pequena cidade, fora a parte agrícola, onde a população planta o necessário à sua alimentação e vende o excedente, com uma tecnologia das mais modernas, se utilizando inclusive de maquinários "top" de linha e mão-de- obra especializada. Nesse local de experimentação da vida do homem visando a satisfação do coletivo em detrimento do indivíduo, o trabalho de um engenheiro é tão valorizado quanto o de um jardineiro e as diferenças salariais são irrisórias. Sendo assim, o nível de vida das pessoas das mais diferentes especialidades são equivalentes. Ali todos trabalham durante o dia na lavoura e fazem as refeições coletivamente, sem segregação de faixa etária, sexo, profissão ou quaisquer outra diferenciação. As crianças desde cedo frequentam a escola da comunidade, aprendem as tarefas domésticas de acordo com sua idade e desde cedo são ensinadas a pensar no coletivo, sendo que todos os equipamentos da escola são para todos. Todos os moradores do kibutz tem uma espécie de guarda-roupa gigante, sendo que todas as peças ali encontradas são para o uso de todos os que ali vivem. Não adianta uma criança chorar por uma mochila nova, pois o produto será lhe fornecido conforme as suas necessidades, não seus caprichos pessoais. E é interessante ressaltar que eles buscam se distanciar da sociedade de consumo a partir do momento em que rejeitam os apelos dos meios de comunicação para comprar artigos que não lhes são necessários naquele momento, mas lhe fornecem uma espécie de status pela sua aquisição e poder. Os adolescentes possuem uma espécie de alojamento especial e possuem algumas regalias especiais, como o não cumprimento de algumas regras relacionadas a horários e a liberdade de usar os automóveis da comunidade. A partir do momento que um novo membro passa a adentrar os limites do kibutz, todos os produtos encontrados com ele, incluindo um provável automóvel, passam a fazer parte da coletividade e servem a todos. Interessante ressaltar que o kibutz costuma reservar parte dos seus lucros para financiar os estudos de alguns dos seus moradores, e, se o número de candidatos ultrapassar a reserva financeira, é realizada uma assembléia para discutir quais dos candidatos poderão prosseguir seus estudos subsidiados pelo kibutz. O aluno tem a total liberdade de escolha da carreira que deseja seguir, mas sabe que deverá ser útil à comunidade com seu diploma e ajudando na construção de um bem comum.
Não sei dizer se um sistema desse tipo funcionaria em um país como o nosso, de 180 milhões de habitantes e interesses maiores para a perpetuação de um sistema social que privilegia uma elite realmente minoritária, em detrimento de uma imensa parcela da população despossuída de quaisquer condições mínimas de bem-estar e infra-estrutura adequada. Não consigo aceitar uma Daslu, em que uma simples calça possa custar um preço de mais de três dígitos, e pessoas que vivam com menos de R$ 1,00 diários para satisfazer suas necessidades básicas. O que digo pode cheirar a demagogia barata, mas não me veja dessa forma. Sou simplesmente um idealista que acredita na arte e cultura como ferramenta de transformação da sociedade. Um país sem educação nunca mudará suas estatísticas sócio-econômicas. Um Brasil que é regido pela elite, pagando salários paupérrimos à grande maioria dos seus trabalhadores e enchendo as contas bancárias de seus patrões às custas do suor alheio não pode ser aceito passivamente. O Brasil que não concluiu ainda sua reforma agrária e possui hectares e mais hectares de terras improdutivas onde a única coisa que cresce é capim, com milhares ou mesmo milhões de seus habitantes vivendo em periferias sem saneamento básico não pode ser encarado como coisa normal.
Não deixe de se indignar toda vez que vc ler nos jornais uma notícia escandalosa, como as que nos deparamos diariamente nos veículos de comunicação. Não diga que os políticos são os únicos culpados pela nossa situação atual, pois fomos nós que os elegemos. E se eles não cumprem sua premissa de nos servir, tomemos o poder então. Um povo sem governantes e sem o cerceamento de sua liberdade de expressão. Hoje, o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, chamou de vagabundo um homem que desabafou ter ficado sem seu meio de vida quando a Prefeitura de São Paulo baixou um decreto proibindo toda e qualquer veiculação de publicidade na cidade, deixando assim á mercê da fome muitas e muitas pessoas que sobrevivem disso. Amanhã o humilhado será você. Se já não foi. E aí, vamos pegar em armas e reconstruir essa nação ou vamos continuar servindo aos mandatários do poder?

5 comentários:

Anônimo disse...

é sério quando diz que pegaria em armas?

Feche a porta ao entrar disse...

Se o diálogo não resolvesse e somente a conscientização do povo não fosse o suficiente, pegaria sim, mesmo não tendo a mínima noção de como pegar em um revólver.

Anônimo disse...

Em resposta a pergunta do primeiro post:
Sim,é serio quando se fala em pegar em armas,
infelizmente está mais que provado que não existe uma utopia confortável,
essa tal utopia do capitalismo maldito e sedutor onde impõe a população felicidades instantânea em suaves prestações a perder de vista ao comprar o carro do ano,a tv tela plana...etc...etc...etc...
É sim chegada a hora que a nossa própria falta de voz seja ouvida,
embora,infelizmente vamos levar ainda um considerável tempo até que a conscientização geral atinja o nivel adquirido para uma revolução,
...enquanto isso vamos entoando a bela melodia do seu Zé Ramalho:
E vida de gado
povo marcado
povo feliz...

Anônimo disse...

Tá certo, tens certeza que nunca leu Lenin? Essa coisa que pegar em armas, é coisa dele! mas faz sentido, porque como ele dizia, "tem que ser muito idiota pra achar que a burguesia armada pode ser derrubada só com palavras". Eu acho que a coisa TALVEZ fosse mudada atraves da educação. mas é dificil, depende da boa intenção de poucos, contra o incentivo d etodos, ao contrario.
rosali
http://humorzerocaricaturas.zip.net

Anônimo disse...

dá certo, só uma revolução armada resolve, pois a burguesia brasileira é nefasta e hipócrita , preconceituosa e outros adjetivos mais, só a pau.