quinta-feira, julho 30, 2009

Hoje é dia de Rock´n Roll

Música para chorar de saudade, medo, dor, angústia, desespero, infelicidade, consolo pelo que se passou, pelo que não foi e pelo que provavelmente não será. Hoje ouço essa música porque inconscientemente lembrei de ti quando a ouvi, sabe-se lá por quais motivos. Eu só sei que hoje eu preciso de um bom e velho rock para afogar as mágoas. Nem que eu me reinvente e amanhã esteja cantarolando alguma outra coisa que venha a exorcizar meus demônios. Que eu te reencontre ao som de Yo La Tengo, que eu me despeça de você mais uma vez sob esse mesmo som, que no próximo verão eu tenha outro tesão, amor, satisfação, bem querer ou paixão. E que hoje eu me seja incompleto ouvindo essa canção.

Ps: Esse clipe não tem animação alguma, mas somente a música de fundo.


terça-feira, julho 28, 2009

Sobre a Frustração


Com o olhar perdido imaginando como seria diferente o branco da parede com outras cores e com uma das mãos apalpando o aparelho telefônico, lembrei de mim mesmo. Chovia lá fora e baldes escoravam a água que jorrava do grande quarto que eu me sou. Paredes riscadas, pisos quebradiços, infiltrações na parede e mofo aparente. Nele eu me escoro, me amoldo, eu me acomodo. Sinto frio com a camiseta molhada ajustada ao corpo. Meus dedos das mãos esfregam o corpo em busca de calor, imaginário que seja. Estou nesse quarto e faço parte dele, de tal modo mesclado que confundo-me com ele. Eu quero o sol, preciso de algum calor. Há pouco tempo, havia saído de lá e o tempo abriu, mesmo que nublado.
Folhas caídas na calçada úmida me remetiam a tempos em que olhava para os lados e o parco movimento das ruas me amainava. De forma torta eu era livre e disso ainda não tinha consciência. Se bem que nunca experimentei a liberdade plena, mas esse detalhe é irrelevante. Meu estar ali não modificaria absolutamente a ordem das coisas. Fechava os olhos desejando outras calçadas que não aquela, sentir algumas outras texturas. Nostalgia de um passado distante, presente incerto e futuro duvidoso.

Voltei ao quarto sem luz a partir do momento em que me percebi novamente solitário. Ironicamente choveu, sendo que em meu quarto poças denunciavam a volta da umidade, meus cabelos emudeciam com as gotas que denunciavam a fragilidade da estrutura na qual eu me apoiava. Ontem choveu no meu futuro. Ai de mim se não abrisse o guarda-chuva como forma de me proteger da água que cismava em me tocar a pele.


A umidade nos ossos em certo momentos havia se tornado intolerável, mas necessária. Quando saí da casa durante o amanhecer, fechei automaticamente muitas portas e apaguei várias luzes. Sentei no chão e olhei a esmo para o nada. O nada simboliza o hoje em que fui posto. De alguma maneira exemplificado como o copo vazio esperando o líquido que faça valer seu sentido. Dois objetos inanimados com funções limitadas em sua essência. Se existir alguma essência em ambos.


Esfregaria os olhos e sairi desse estado de semiletargia, levantaria do chão e andaria junto ao gramado cujo branco ocupas. Sentaria e te olharia. Não choveria mais. Um dia eu consigo. Nasço no dia em que te provocar necessidade. Aliás, nem devo te extasiar a tal ponto. A sensação nascerá sem que se dê conta. Como a erva daninha crescendo a meio a heras.


sábado, julho 18, 2009

Sobre o Existir


Que eu seja doce, que o meu fardo se torne mais leve, que eu faça por merecer você na minha vida, que eu me torne um novo ser a cada dia por você, para você, em você. Com você, a quem eu quero tão bem e desejo como se fosse parte integrante de mim. Que o meu corpo se torne cada vez mais faminto, mas em contrapartida que eu possa alimentar sua alma com o melhor que tenho e sou. Que eu me reinvente a cada dia, e em todas as horas a saudade se transforme em pura e mais singela felicidade. Existindo a felicidade, e se não eu a criarei enquanto passeio pelas calçadas procurando seu rosto e cheiro nos passantes. Que eu sinta sua pele no frio tampo da mesa nos muitos momentos de ausência compulsória. Que sua voz seja o meu elixir para as madrugadas insones. Que eu prove do seu mel, do seu suor, do seu cheiro, e que seu sabor me remete a meus alimentos preferidos. Que, no silêncio da tarde morna, eu contorne seu corpo e o afague seus cabelos contando meus sonhos mais secretos e fantasias inconfessáveis. Que o meu sentir por você seja dividido entre nós de tal forma que o estoque seja mais que o suficiente pára seus olhos em brasa. Que a despensa nunca conheça tempos de carestia. Que, se você por qualquer motivo que seja e eu não puder interferir. que me doas ainda mais na alma por não querer te ver sofrer. Que, ao fechares a porta, eu sinta ainda seu perfume longamente pela casa. Que a sua alegria seja o benfazejo de todos os espaços que ainda não ocupas nas minhas veias. Faça-me teu as 24 horas do dia e eu te faço minha. Sem ressalvas. Corpo e alma em sintonia. Como a música que toca inconscientemente. Assim te quero, incondicionalmente. Mesmo que de forma contraditória.

Que eu coloque os dedos em sua boca quando o silêncio se torne indispensável. Que, ao olhar pelos vidros opacos por causa das gotas da chuva, eu sinta saudade de quando te encontrei pela primeira vez naquela manhã nublada. Que eu saiba calar nos momentos apropriados e, quando necessário, que as poucas palavras que proferir sejam lançadas diretamente ao seu coração. Que eu saiba colocar no papel minhas vicissitudes da alma e toque também na sua. Que, antes de abrires a boca, que eu saiba de antemão o que será dito, confidenciado. Que fales sussurando sem que seja necessário que eu peças: Fale mais alto. Quero-te sem alarde e no silêncio da noite, como se não houvesse mais nada naquele instante de maior importância. Quero deitar na areia da praia, olhar para os lados e, enquanto visualizo o horizonte, lembrar de ti com certa nostalgia. Saudades do que ainda não vivi e senti. Que eu alargue ainda mais meus horizontes. Que eu viva outras vidas, seja muitos mais, que meu passado seja reduzido a poeira. E, principalmente, que você me seja primordial, somente o seu corpo e o que mais acarretar nele. E, que amanhã, todos os outros corpos se resumam a um só: o seu.

terça-feira, julho 07, 2009

Sobre o futuro


Não sei precisar quando será, mas esse dia chegará, quando o universo conspirará a meu favor e, ao pegar documentos ou papéis espalhados pela calçada, me depararei com sua mão e seu sorriso. Naquele momento saberei que precisava de ti, da tua lágrima, de sua voz e principalmente do seu corpo. Que juntamente com o meu será um só. Enquanto durar o que sentirei por ti, dançarei pelo jardim com uma euforia que nem sabia possuir em meu interior. Recitarei poemas no escuro enquanto dormes com uma satisfação inenarrável. Cozinharei comidas simples com sabor de banquetes faraônicos enquanto passarei meu pé pela sua perna, colocarei suas mãos entre as minhas e te dirão o quanto és importante para mim. Direi a meus amigos, conhecidos e familiares de ti como quem fala de uma pedra preciosa. Terei suas mãos entre as minhas, beijar-te-ei e nada direi, mas meus olhos serão mais que suficientes para expressar o processo irreversível que fizeste em meu ser.

Chorarei de saudades quando viajares a trabalho e se afastares de mim por três dias que sejam, esperarei o telefone tocar durante a tarde, quererei compartilhar com o meu próximo que a felicidade se faz por tão poucas coisas. Na hora do almoço, contarei os minutos restantes para que eu possa retornar à casa e te abraçar longamente, apenas sentindo esse calor que me faltou durante as longas horas sem ti. Fecharei os olhos e lembrarei de músicas que tocarão enquanto estiver a seu lado. Iremos ao cinema e jogaremos pipoca nas cenas em que a mocinha se declara languidamente para o não tão mocinho assim. Riremos feito bobos e contagiaremos todos os outros com nossa canastrice. Veremos uma criança na rua e dizer-te-ei com minha mão entre a sua: Eu quero uma assim, só nossa.

Ainda não tenho nada disso, mas um dia hei de ter e ser. Quando eu assim for, me serei a cada novo amanhecer e descobrirei não somente um amor, mas vários amores em um só. Não frequentarei mais casas noturnas nem beijarei somente pela necessidade física, pois não terei somente um corpo, mas dois. Dois beijos, quatro pernas e inúmeras necessidades. Seres, fazeres e quereres. Nesse dia eu direi que não passei incólume. E, se um dia fores embora, escreverei nesse mesmo blog que muito amei e também muito fui amado. Chorarei amargamente pelo que não tem mais volta, mas terei vivido e sido. Serei dois corações. E serei muito mais depois do amor.