terça-feira, julho 17, 2007

Registro/SP


Semana passada estive na cidade de Registro fazendo pesquisas de campo. Pois é, de vez em quando exerço atividades profissionais para passar o tempo. Ressalte-se que não sou vagabundo por opção, e sim por falta de maiores perspectivas no quesito profissional. Registro tem uma população de aproximadamente 60.000 moradores, sendo considerada então a "capital" da região, já que todas as outras são menores ainda em população, e se localiza no Vale do Ribeira, a 185 quilômetros de Santos, 195 de São Paulo e 220 de Curitiba. É a sede administrativa da região mais pobre do estado, e sua economia se baseia no comércio, no cultivo da banana e segundo fontes fidedignas de confecções que se instalaram recentemente no local. Seus indicadores econômicos são os mais baixos de todo o estado de São Paulo, e isso pude comprovar, apesar de não ter vistos maiores indícios de miséria na cidade, mas por momentos esqueci que estava ainda no estado mais rico da federação. Desculpem-me a presunção. O meu estado continua sendo a locomotiva do país, mesmo que as más-línguas queiram me provar o contrário. Daqui a vinte anos possa até ser que o quadro tenha se revertido. Por ora, nos mantemos no patamar de maiorais. Maiores reclamações, dirija-se ao setor de ouvidoria dos textos do Edcarlos, cujo telefone eu mesmo desconheço.
De qualquer maneira, gosto de viajar, conhecer novas cidades, e principalmente procuro observar pessoas, mesmo que no meio do caminho me embaralhe de tal forma que dificilmente consigo concluir um raciocínio que havia começado. Não percebi ali nada que chamasse em demasia a minha atenção, mas me chamou a atenção que a cidade só possui uma sala de cinema, em que os filmes obviamente chegam muito após seu lançamento nos grandes centros, não avistei nenhum teatro e apenas uma livraria, em grande parte com títulos de auto-ajuda e no momento em que passei na sua frente estava no estabelecimento apenas um rapaz, provavelmente o atendente ou mesmo o proprietário. Sim, ali tem uma loja das Casas Bahia na avenida central, que se chama Jonas Banks Leite. Belo nome, não?
Não que essa cidade seja a exceção, ela é a regra, infelizmente foi a minha conclusão. Por mais que me queixe do local onde resido, não posso desmerecer os méritos culturais que ela me oferece, proporcional ao seu tamanho e importância para o Brasil. Temos opções culturais para vários gostos e bolsos, e é isso realmente importante; que tenhamos a chance de escolher, por mais que a grande maioria frequente os bailes funk do Morro da Nova Cintra e o Pellikanos, com seu forró de gosto duvidoso. Estou bem informado das baladas regionais, por mais que não as frequente. Nem ouse dizer que estive alguma vez em tais lugares para saber o que ocorre lá. Notícia ruim corre mais rápido que almôndega na boca de criança obesa no almoço de domingo.
Acho que a lição preponderante que tirei da pequena estada nesse município concerne que eu me coloquei morando naquela cidade desde meu nascimento. Como seria eu hoje? Teria os mesmos amigos? Conheceria e teria apreço pelas mesmas coisas? O que estaria exercendo profissionalmente? Quais seriam as minhas diversões de final de semana? E, principalmente, qual o retrato que faria de eu mesmo? Ó dúvidas cruéis. Deixo-vos com o papel da dúvida e das vaias ou aplausos pelo texto lido.