segunda-feira, julho 31, 2006

Parece que é estranho não se perguntar quando nem onde, se o que mais faço é justamente me perguntar isso. Citar frases de Clarice Lispector pra falar sobre eu mesmo parece coisa de pseudointelectual ou quem queira se achar um, na realidade até eu seja mesmo e fique botando banca colocando frases bonitas que mal entendo o sentido. Mas é que realmente algumas coisas dela, ou muitas, descrevem bem o que sinto naquele momento, poucas vezes vi descrito em frases o que eu gostaria de dizer mas nunca acho as palavras certas, provavelmente por não saber como me expressar.
Como eu posso falar em poligamia se os outros ainda vêem a traição como coisa de outro mundo e dizem que quem trai não ama? Mas eu dissocio e sim sexo de amor, se bem que tem muitas diferenças entre praticá-lo com ou sem amor, isso assumo. Mas o desejo é inerente à condição humana, sentimos desejos mesmo inconscientemente e em momentos impróprios, e negar esse fato é negar nossa condição de seres humanos. Quem nunca traiu provavelmente não foi por falta de vontade, e sim por pressão social e medo das consequências. Mas se todos nós sentimos desejo por pessoas que não sejam aquela com quem nos relacionamos, por que então continuar monogâmicos, sendo que a nossa natureza é justamente a contrária? Não seríamos mais satisfeitos e menos neuróticos se déssemos vazão aos nossos instintos e nos preocupássemos menos com o que os outros vão falar?
Se o sujeito quiser se relacionar da forma tradicional, faça da forma como bem entender, mas devemos ter a liberdade também de relações menos convencionais, ou seja, sem o compromisso da fidelidade. Que sejamos fiéis no amor, não no desejo (até pq ser fiel em pensamento é impossível, atire a primeira pedra aquele que nunca traiu ao menos dessa forma).
Enfim, por uma sociedade menos hipócrita e mais livre de preconceitos bobos.
Já diria nosso grande Nelson Rodrigues, "Se todos nós soubéssemos a intimidade sexual de cada um, ninguém se daria bom dia."

sexta-feira, julho 21, 2006


Outro dia desses, estava conversando com uma nova amiga virtual, a Denise, que mora em Valparaíso, cidade na região de Araçatuba, e me veio à mente uma tira em quadrinhos que servia como exercício de um livro de Português da época de escola. Na tirinha, existiam duas simpáticas galinhas, e uma delas dizia à sua amiga que seu lema era "Pão, pão, pão, pão", ao que a outra estranhou e a indagou, na típica curiosidade galinácea: - Mas o certo não seria pão, pão, queijo, queijo?, no que a colega respondeu que sim, mas o queijo estava acima de suas posses. Pois é, fiquei me perguntando quando relembrei dessa cena: qual será o nosso queijo, o que afinal de contas que precisamos deixar pra trás em favor da nossa sobrevivência? Não me refiro somente a bens materiais, já que a galinha se referia exclusivamente às suas condições financeiras, que não lhe dava oportunidade de poder rechear seu prosaico pão.
Falo de algo a meu ver muito mais profundo, dos sentimentos que estão no nosso íntimo e que alguns se percebem dele mais facilmente do que outros, enquanto outros o mascaram durante muito tempo e nem se dão conta, negando a si mesmo e fechando os olhos frente a uma realidade nem sempre agradável. Afinal, quem, ou o que somos e para que estamos aqui? Todos nós, ao menos em algum momento da vida, nos deparamos com essa pergunta, nada tão complexo nem fora da realidade assim. Quais são seus sonhos, suas frustrações, seus desejos, seus amores, suas ânsias, o que lhe faz chorar, sorrir, xingar; enfim, o que te faz ser você? Qual é o seu queijo, não importando aqui se é prato, parmesão, cheddar ou ermenthal?