terça-feira, fevereiro 13, 2007

O amor é uma flor roxa que nasce no coração dos trouxas


Falar de amor é um assunto complicado quando não se sabe como lidar com o assunto e principalmente quando se é bloqueado para esse tipo de determinismo biológico. Me refiro obviamente ao amor entre duas pessoas adultas, não o amor que um pai possivelmente sente pelo seu filho ou o amor daquele que finalmente consegue comprar seu automóvel parcelado em 48 x pelo banco Finasa, que aliás cobra juros exorbitantes e ao final da dívida se terá pago o valor de dois carros.

Fala-se muito nele mas se tem poucas conclusões do que realmente seja o amor. Nem mesmo a ciência pode nos dar uma dimensão exata do que seja definitivamente esse assunto tão comentado em todas as rodas de conversa, desde as rodas de pagode da periferia até a conversa de madames enquanto esperam para ser atendidas nos cabeleireiros mais chiques do bairro dos Jardins. É o tipo do sentimento que não consegue ser descrito objetivamente, como a sede, o ódio e o desprezo, por mais paradoxais que sejam os exemplos citados. As letras de músicas, as praças das pequenas cidades, os programas de televisão, as revistas dirigidas às donas de casa e adolescentes do sexo feminino, os jardins da praia de Santos; enfim, esses e outros exemplos são convidativos para a contemplação e prática do amor. Ah, o amor, que adquiriu e tem visões diferenciadas ao longo da história. Atualmente aquela tia que você não vê há cinco anos e reencontra naquele chatíssimo almoço em família te pergunta da noiva(o), namorada(o) ou ficante, e muitas vezes só nos resta fazer aquela expressão de muxoxo e dizer que se está sozinho, mas não por muito tempo. O ser humano tem medo da solidão e se desespera ao pensar na possibilidade de passar mais tempo desacompanhado, sem o famoso cobertor de orelha.

Todos nós temos nossas histórias de amor para contar, obviamente com os finais tão diferentes quanto a nossa imaginação conseguirá acompanhar. A impressão que me passa é que essa massificação do termo amar esconde um problema muito mais sério, o de desviar a atenção da sociedade para o que é realmente relevante. Me vem à cabeça o caso do menino carioca que foi arrastado por 7 kms até a morte, no Rio de Janeiro. Nem é necessário comentar o quanto é apavorante que isso aconteça com um adulto, quanto menos com uma criança. Manifestações em prol de paz e amor estão pipocando país afora, como se velas acesas realmente adiantassem alguma coisa para a elucidação da questão. Pessoas usando roupas brancas para simbolizar a paz, fazendo com as mãos uma imagem parecida com a da pomba, desejando uma sociedade com mais paz e amor com seu semelhante são pura demagogia, por mais que os praticantes de tais atos sejam pessoas bem-intencionadas, que apenas se deixam levar pela emoção. A questão é muito mais profunda e exige atitudes muito mais vastas do que andar de mãos dadas pela rua cantando músicas amorosas em coro exigindo algo que na realidade não se procura concretamente. Parece-me que em tais casos o romantismo serve como fachada para uma questão muito mais complexa do que uma jovem abandonada pelo namorado após um ataque de ciúmes.

Na verdade a minha intenção não era falar acerca do amor em tais circunstâncias, pois o objetivo principal era escrever uma história açucarada para a minha prima Luciana, mas eu não consigo ter um roteiro pré-determinado do que conterá no que escrevo. As palavras simplesmente fluem e quando vejo sou um mero brinquedo sendo jogado pelas suas mãos afoitas em viver no mundo exterior. Mas claro que uma moça de vinte anos como ela tem suas histórias de amor pra contar, sendo que uma delas teve como fruto uma linda menina que tem atualmente aproximadamente 01 anos e seis meses,a Maria Clara, que dorme enquanto sua tia não dá seus gritos desesperados quando algo não está a seu contento. Só sei de informações esparsas sobre o assunto, que sozinhas não me dão grande embasamento para escrever um folhetim à la Manoel Carlos. Não vi a reação da sua mãe quando descobriu a gravidez dela. Como será que o namorado dela se sentiu ao descobrir que seria pai? Como foi o olhar de Luciana ao ver sua filha pela primeira vez? Eu não presenciei tais cenas, sendo assim seja incapaz de descrever as palavras a realidade dos fatos. Acho que talvez eu não seja um contador de histórias. Provavelmente eu sou um Inri Cristo.

2 comentários:

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
amei isso Ed:
O amor é uma flor roxa que nasce no coração dos trouxas

Você é sim um notável contador de historias pare já com isso menino,
mesmo quando não assistir ao fato.
Perfeito o texto
adoreiiii muuuito
adoro ler o que escreve,porque você e a palavra escrita são uma só persona,um casamento prá vida toda.
bjão

O Sanatório Geral disse...

Pois é, xará.... Falar desse negócio é algo complicado mesmo... Mas você, como sempre, consegue superar as nossas espectativas sobre o assunto e quando menos percebemos estamos vendo os vários ângulos do tema.

Por mais difícil que seja falar de amor, a verdade indiscutível é que ele está cada vez mais longe do nosso dia-a-dia. E cada vez mais podemos confirmar isso, assistindo de camarote os absurdos acontecidos pela falta deste sentimento. Seja um sentimento físico ou psicológico; seja entre um homem e uma mulher ou entre familiares, a verdade é que o "tal de amor" está ameaçado de extinção.