segunda-feira, outubro 08, 2007

O Putrefato


Essa história de amor-próprio é uma grande conversa para boi dormir. Ah, as pessoas dizem que para amar devemos nos amar primeiro para depois amar os outros. Eu me odeio e te amo. Paradoxal isso, não? Pois é assim que as coisas andam funcionando comigo ultimamente. Eu sei que não te mereço,aliás, digo isso sem parecer pedante nem que me achem como esses cantores comerciais que tocam essas músicas que fazem sucesso durante uma temporada e depois somem da mídia. Você tem qualidades que qualquer homem gostaria de ter e me são inalcançáveis, devido à minha mediocridade e rudeza perto de você. Me responda: se nem posso despertar em você amor, como mereço que sinta algo por mim divergente ao desprezo que me tens em conta? Foi somente sexo, o desejo da carne que nos uniu por aqueles instantes, tudo o mais se resume a invenções fantasiosas de uma criatividade auto-destrutiva. É, teves tanto carinho para comigo naquele instante que me achei a mais contente das criaturas.

Olho para as minhas mãos e lembro que havias dito que gostara delas, embora não tenha dado motivos para tal comentário. Vejo a garrafa de café na mesa da cozinha e me recordo que adoras café,e quando em frente a alguma livraria me vem à mente aquela estante repleta de livros que tens na sua casa, denotando assim o quão tem cultura, e eu,apenas um pseudo-intelectual que adora frases feitas, mas que na sua presença não conseguia balbuciar mais do que meia dúzia de palavras por me achar um perfeito canastrão. Tenho a esperança de que irei te encontrar na próxima esquina que cruzar, a despeito da imensa distância física que nos separa, para sua sorte.

No entanto, também olho para meu "nariz saliente" (palavras suas) e para meus cabelos brancos que crescem incessantemente, sem ao menos pedir licença ao dono da cabeça, e só consigo me recordar que me dizias isso sem a intenção de ofender, apenas comentando e sorrindo. Ah, como esses sorrisos não me saem da memória. Como vives dentro de mim, mesmo que tentes te assassinar a golpes de foice!

E pensar que foi graças a esse blog que você me mandou um recado pelo Orkut, dizendo que gostaria de conversar comigo pelo MSN, há um ano e meio atrás, mais ou menos. Desculpe-me, naquele momento não havias chamado tanto a minha antenção para que me fizesse guardar essa data que hoje me é tão cara. Ali um grito contido havia ameaçado se propagar como a velocidade da luz.

No último sábado fez um mês que lhe conheci. Passaste por mim uma vez, com seu fone de ouvido,e não ouviste quando gritei seu nome. Na segunda vez, os olhares se cruzaram, e algum sentimento inexplicável florescia naquele instante. Sei que não compartilhas desse meu pensamento, mas deixe que o diga a você, mesmo que aches tudo isso algo jocoso e indigno de comentários da sua parte. Estou sendo egoísta e não penso no seu constrangimento, se porventura seu olhos caírem sobre esse texto algum dia. Mas tenha certeza que tenho me anulado grandemente em seu favor. Provavelmente nunca mais te verei. Isso me dói muito, porque a saudade que tenho de você é inversamente proporcional ao meu tão propalado amor-próprio. Sei que nem lembras mais que eu existo,que meu nome e rosto serão apagados de sua memória em breve,se é que já não foram. Mas, como dito acima, eu realmente não mereceria sentimento contrário de sua parte, és grande demais para minha pequenez.

Que coisa ridícula estou escrevendo! Você deve estar achando tudo isso o texto mais escroto já publicado desde a criação da Internet,nos idos dos anos 60. Mas eu sou escroto mesmo.E esse escroto te ama. O que se há de fazer a não ser você fingir que não me conheceu e eu a olhar para a parede e me sentir o mais pulha dos homens?

Ah, imaginem a cena. Há alguns dias, passei em uma rua em que tinham dois rapazes fazendo malabares, aliás, moços bem talentosos,e me lembro que parei alguns segundos para ficar observando seu intento em arrecadar algumas moedas dos motoristas. Dei um sorriso meia-boca e continuei meu caminho. Enfim, o que isso tem a ver com a história mal-sucedida que acaba de ser narrada? Nada, seus bestas.Foi só para encher lingüiça.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hummm
apaixonado mesmo...
O tempo é o senhor da razão, também pode ser brega e batido o que digo, mas é isso sim, de tempo ao tempo...
beijão