sexta-feira, outubro 12, 2007

Vira o disco, cara!


Tenho ímpetos de esmurrar a parede ou me vejo dialogando com um ser imaginário que , ao ser questionado, me responde as palavras mais doces e ao mesmo tempo secas, cortantes, letras que juntas esfacelam meus sonhos e me colocam a par da realidade das coisas, tal e qual devem ser. Acho que enlouqueci, ou ao menos tenho galgado mais um degrau no limiar da minha sanidade mental. Já não se pode considerar que fosse o mais são dos seres, mas agora tenho conversado em voz alta comigo mesmo, imaginando que ao meu lado existe alguém que na realidade não se importa muito com o que faço ou como deixo de proceder. Tenho inclusive feito expressões faciais dignas de um colóquio realmente existente. Antes que você ligue para o serviço de saúde mental de seu município, saiba que ainda assim não estou de todo senil.

Sinto-me esbofeteado pela realidade das coisas, pelo que necessito ver com os olhos da razão mas não consigo ver pelo meu lado emotivo, que tenta mascarar a realidade e me dá tapinhas camaradas nas costas e diz que tudo entrará nos eixos em seu tempo pertinente. Quem me conhece sabe que não sou adepto de caminhadas na praia muito menos a frequento, mesmo morando em uma cidade litorânea. Mas confesso que de vez em quando me acalma sentar em um dos bancos da orla e observar as pessoas, os carros, os grandes edifícios e principalmente o mar, com os navios ao fundo que ficam lá à deriva esperando seu momento de aportar no cais da cidade.

Pois bem, na semana passada estava eu a passear pela praia no final da tarde, precisamente às 17:45, e vislumbrei uma bela cena mesmo para os desavisados que não conseguem enxergar coisa alguma que não os próprios interesses. O tempo estava ensolarado naquele dia, com algumas nuvens, e o sol estava se pondo lentamente entre essas mesmas nuvens, mas ao mesmo tempo o dia ainda estava perfeitamente claro e quase límpido, e, como uma espécie de papel de parede, os prédios e a Ilha Porchat. Simplesmente maravilhosa essa cena. Lembrei-me que disseste um dia que gostaria de vir até aqui andar pelos jardins da praia e senti que possivelmente terias gostado de ver a aurora do dia, que gostavas de divagar olhando para o mar. Senti saudades daquilo que nem mesmo vivi. Estou me tornando patético, podem confabular à vontade entre si durante o café da tarde, eu não me importo, sou um bom idiota que coloca aqui essas coisas piegas e desprovidas de racionalismo.

Não tenho mais chorado, aliás até me sinto oco, como se estivesse numa espécie de letargia provocada pelo consumo excessivo de calmantes. As pessoas falam comigo e eu faço uma expressão de: "Desculpe, não consigo contatenar pensamentos, dirija-se ao próximo guichê". Tenho sido inconveniente e falado somente no mesmo assunto com as pessoas e, na falta delas, tenho repetido frases desconcertantes a mim mesmo sentado no sofá. Tenho procurado um só rosto e suas características nas pessoas com as quais cruzo vida afora. Tenho tentado me ocupar com atividades que me façam tentar desviar o pensamento, mas a mágica se reformula nos momentos impróprios, e confesso que tenho passado a mão pelo colchão durante a noite e sentido falta de alguém que a essa hora está no limiar de sua vigília. Essas horas eu penso: "Puta merda, o que está acontecendo comigo?". Eu viro para o outro lado e tento dormir. E no dia seguinte tudo recomeça.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caramba estou mais aliviada, pensava que esse negocio de ficar fazendo caretas, divagando, falando sozinha fosse só comigo,
e ruminar então...
se isso te serve de consolo, a grande maioria pratica isso, se é maioria então é normal;
afirmo outra vez isso passa, mas não é um alivio saber disso, pois logo em seguida substituiremos um drama por outro
e a vida assim segue...
beijokas meu dengo