sábado, janeiro 05, 2008

Com a mão no coração


Pode-se dizer que tudo começou com um sim. Mas digo que um sim dito interiormente, sem grandes pretensões de ser ouvido por quem está a nosso lado, muito menos aquela afirmativa feita quando estamos falando em voz alta com a única pessoa que realmente lhe ouve em quaisquer circunstâncias: você mesmo. Mas inicialmente não trocaram palavras, era simplesmente um flerte praticado por duas pessoas que se interessam mutuamente baseado em questões físicas. Os olhos, o nariz, a boca, seios, braços, pernas, enfim,todas as características natas a qualquer ser humano.

Os dias se passaram e a paquera tímida continuava caminhando a passos lentos. Bom, não se pode dizer que em tal caso os passos fossem lentos, pois em poucos dias houve um tímido e casual:"Oi, tudo bom?", em que a resposta,logicamente, seria a tradicional: "Sim,tudo bem, e com você?". Detalhes desse colóquio não importam muito, até porque certas frases proferidas nesse âmago não interessam a nós, espectadores, mas somente aos participantes do sentimento que nasce sem que nos demos conta disso. Mas adianto que temos nesta história um final feliz, com direito a suspiros das senhoras leitoras das rádionovelas e de todos nós que, sim, sonhamos com um amor que nos faça perder o fôlego e o juízo.

Coração batendo mais forte à presença do ser amado, uma saudade inexplicável de quem se deseja e a necessidade física da pessoa por perto, pêlos do braço que se eriçam, defeitos que se transformam em qualidades ou são abruptamente miminizados,vontade de sair proclamando aos quatro ventos o nome do(a) felizardo(a), suspiros prolongados madrugada afora, apertos exagerados no travesseiro durante a noite, contas telefônicas a valores estratosféricos, os cinco sentidos que se tornam exageradamente aflorados; ou seja,tudo isso e tudo o mais a que se tem direito quando se ama. E obviamente sentiam isso com o decorrer do tempo, não se sabendo com qual intensidade. Mas suponhamos que sorriam desbragadamente,mesmo nos momentos mais estressantes do cotidiano. Botavam as mãozinhas no peito, próximo à região do coração,e pisavam nas nuvens, proferindo em voz baixa: "Aaaaaaaaiiii,como eu te amo!".

Mas, como em toda boa história amorosa, havia empecilhos. O moço ainda não estava totalmente livre de um relacionamento anterior. Leia-se que era casado. A moça, pelo visto, não possuía o mesmo problema, somente uma família tresloucada e uma tia que grita desesperadamente por motivos banais e provoca a ira dos ouvintes e vizinhos. De qualquer maneira, era um caso complicado, pois os dois queriam namorar e o rapaz tinha uma família, composta inclusive de um filho.

O relacionamento se mantém durante algum período sem que a moça saiba dessa condição de seu namorado. Mas,quando toma ciência do fato, exige uma decisão: "Ou eu ou sua família!". E assim foi feito. O rapaz abandona sua família em prol dela. Reitere-se que me refiro à minha prima Luciana, que bem merece esse sacrifício. Principalmente pelo fato dessa moça ser minha parenta exigia do rapaz uma atitude radical. Não que somente isso fosse o fio condutor do que se concretizaria a partir daquele instante, mas isso contou muito para o happy end aqui descrito.

Enfim, o rapaz se separa de sua esposa e assume publicamente um relacionamento com a minha prima, que já o era antes que ambos se conhecessem. Segundo informações fornecidas pela própria prima, no Natal cada um conheceu a respectiva família do ser amado, e não se teve notícias de pratos quebrados nem maiores incidentes. Sendo assim, já existe a aprovação dos familiares. Os dois se amam e suas famílias consentem com o namoro. E o sentimento cresce a cada dia mais, dado o caráter íntegro do rapaz e a protumberância física e intelectual dessa jovem moça.

No final das contas,o que importa é que o namoro esteja dando certo, e espero que assim se perpetue por longa data. Desejo sinceramente que o casal seja muito feliz e que me convide para a cerimônia religiosa. E que comemoremos em grande estilo,com direito amuito espumante, pois a champanhe está acima de nossas posses. E com longos suspiros das senhoras de São Gonçalo jogando arroz nos noivos dou por encerrado esse relato.

4 comentários:

Anônimo disse...

muito lindo!!!
o direito de reconstruirmos nossa vida e de busca do prazer e da felicidade não é algo condenado pelos deuses, como muitos fazem questão de bradar aos ventos...
é bem verdade, que nessa procura devemos ter cuidados com todos que nos rodeiam e aos agregados que estão direta e indiretamente envolvidos nas decisões desse projeto, para que não leve prejuízos a ninguém, não se passe sobre a cabeça de ninguém... isso não quer dizer que decisões deste porte não implique até mesmo em algumas lágrimas... mas lágrimas de fim e de começo para algo novo...
a vida é assim at´rás da mudança. de possíveis lágrimas de transformação, vêm o crescimento da alma, o sopro de liberdade e a possibilidade de se fazer uma pessoa melhor a todos...
quanto ao casal, será que permitem um penetra assistir tal cerimônia e beber um golinho de espumante?

denisebrd disse...

Lindo, gostei.
saudades
bjãoooooo

denisebrd disse...

hahahahahaha
putz essa coruja cinzenta é "ieu uai"
Denise, não sei como tirar esse codnome, então vai ficar assim. hahahahaha
bjão

Anônimo disse...

Lindooo Ed...
Vou imprimir e guardar aqui comigo para em momentos de saudade me sentir perto de sua pessoa!!!

Gosto muito de ti