quarta-feira, dezembro 17, 2008

É Natal!!!!!!!



Todos os finais de ano são sempre as mesmas coisas, as pessoas recebem seus 13º salário e saem às compras vorazmente, procurando saciar seus desejos de consumo duramente reprimidos durante o restante do ano. Ou usam essa desculpa das festividades pelo simples motivo de que sim, nós queremos gastar, mesmo que não tenhamos como. O importante para o brasileiro é comprar, agora como vai se pagar já é outra história que rende alguns panos para as mangas bufantes que serão apresentadas nas vitrines das lojas da Oscar Freire na próxima coleção primvera-verão. É Natal, vamos nos regozijar com a data nos acotovelando na 25 de Março ou nos centros comerciais de nossas cidades. Vamos ajudar o país a crescer, vamos finalmente presentear as crianças com os brinquedos conquistados às custas de boa-educação e notas satisfatórias nas provas finais.


O que importa mesmo é gastar, parcelar no cartão de crédito nosso de cada dia. Nem que para isso tenhamos de pagar somente a parcela mínima durante nossos próximos oito longínquos meses, nem que para isso deixemos de adquirir o essencial para os crediários dos magazines e lojas de departamentos e nem que para isso sejamos obrigamos a diminuir as visitas ao Mc Donald´s e pizzarias nos finais de semana do ano de 2009. Temos que manter as aparências, afinal de contas, se o vizinho trocou o azulejo de sua meia água nós também temos o direito de fazê-lo. O direito não, a obrigação, afinal de contas, a grama do vizinho é sempre a mais verde.


E na empresa não se fala em outra coisa, no famoso amigo secreto, ou oculto, como se fala em algumas partes do país. Se o sorteado for nosso superior em hierarquia, há de se fazer um sacrifício e comprar para o(a) merecido(a) uma lembrança à sua altura. O que importa é consumir e mover a mola mestra da economia. Ou como diria Luiza Trajano, a presidenta do poderoso Magazine Luíza: "Minha gente, sem consumo não tem emprego!". Concordo com ela, se não houvesse Natal nem Reveillon não haveria trabalho para o telemarketing especializado em cobrança nem os carteiros nos entregariam aquelas temidas cartas nos comunicando o ingresso no tão querido Serasa.


Espíritas, protestantes, budistas, xintoístas, adeptos do candomblé, católicos e alguns outros mais entram nessa mesma miscelânea quando o assunto é Natal. O comércio não se importa com as nossas crenças, desde que acreditemos no poder transformador de vidas e mentes dos cartões das Pernambucanas e da Renner. Cartões que parcelam em até 6x sem juros e o primeiro pagamento só em março, minha gente! Aproveitem!


Eu só quero saber aonde, afinal de contas, se inculcou na cabeça desse povo de que Natal é sinônimo de calor, cotovelões nas lojas de 1,99 abarrotadas e o quilo do chester a preços ligeiramente elevados. E que não se esqueçam das castanhas nem das nozes na farofa da ceia, pois Natal sem farofa e abacaxi com tender não é algo digno de nota.


Porque no ano que vem começa tudo novamente. As mesmas dívidas, as mesmas dores nas pernas de tanto bater perna atrás dos presentes, as baboseiras de toda sociedade judaico-cristã ocidental mortalmente odiada por Osama Bin Laden. Qualquer dia desses convido uma família qualquer, convido para um sorvete na praça de alimentação do shopping e pergunto, assim como quem não quer nada: Mas, afinal de contas, o que é esse tal de Natal?













Um comentário:

bichodomato disse...

Putz estava em divida com seu blog, ainda nem tinha lido esse do natal, mas é valido e dou graças por não ter me endividado por conta dele,
mas infelizmente o que não falta são contas a pagar kkkkkkkk