terça-feira, junho 01, 2010

Só para constar

Da mesma forma como você sorri bobamente quando assiste alguma coisa jocosa na televisão, eu esparramo meus braços em cruz em volta da cama enquanto te beijo, te toco e cheiro. Ou como quando suas cachorras se enciumam de mim e se colocam entre nós quando estamos conversando coisas boas e bobas no sofá. Ou quando o tempo fecha e, inesperadamente, você briga comigo pelas coisas mais banais, e eu não consigo deixar de achar engraçada a forma como reages a circunstâncias que a meu ver são desimportantes. Ou então quando falas de sua mãe, de seu temperamento e de suas brigas homéricas com ela. Ou simplesmente da saudade que sinto quando não te tenho nas adjacências dos meus poros, como se já não te visse por longa data. Mas me separei de você há poucas horas, nessas circunstâncias percebo que na cronologia dos bobos que amam o tempo corre de uma forma toda peculiar.
Ou então quando me beijas a testa, desejando que eu fique com Deus; sendo assim, divago, sento e me lembro quando te disses que gostava de Angela Rorô, e me disses, bobamente: Mas eu também. Pois bem, nada de muito importante a ser descrito aqui. Percebi que ando extremamente cru ao verbalizar. Tenho-me mantido mudo observando o silêncio que há nos seus passos e gestuais. És a minha Pasárgada hoje. Que assim seja por tempo indefinido. Que seja. Sim. Com algumas reticências, pois elas representam o que não consegue ser dito, mas apenas externalizado no olhar e nos toques. Como ando folhetinesco, bobo e piegas.

Um comentário:

PRISCILA DE FÁTIMA JERONIMO disse...

Nossa, achei tão sublime o jeito de dizer sobre o amor e o silêncio, quanta doçura em suas palavras...
O amor te adoçou o coração e te embotoou a razão...
Que gostoso...