sábado, julho 18, 2009

Sobre o Existir


Que eu seja doce, que o meu fardo se torne mais leve, que eu faça por merecer você na minha vida, que eu me torne um novo ser a cada dia por você, para você, em você. Com você, a quem eu quero tão bem e desejo como se fosse parte integrante de mim. Que o meu corpo se torne cada vez mais faminto, mas em contrapartida que eu possa alimentar sua alma com o melhor que tenho e sou. Que eu me reinvente a cada dia, e em todas as horas a saudade se transforme em pura e mais singela felicidade. Existindo a felicidade, e se não eu a criarei enquanto passeio pelas calçadas procurando seu rosto e cheiro nos passantes. Que eu sinta sua pele no frio tampo da mesa nos muitos momentos de ausência compulsória. Que sua voz seja o meu elixir para as madrugadas insones. Que eu prove do seu mel, do seu suor, do seu cheiro, e que seu sabor me remete a meus alimentos preferidos. Que, no silêncio da tarde morna, eu contorne seu corpo e o afague seus cabelos contando meus sonhos mais secretos e fantasias inconfessáveis. Que o meu sentir por você seja dividido entre nós de tal forma que o estoque seja mais que o suficiente pára seus olhos em brasa. Que a despensa nunca conheça tempos de carestia. Que, se você por qualquer motivo que seja e eu não puder interferir. que me doas ainda mais na alma por não querer te ver sofrer. Que, ao fechares a porta, eu sinta ainda seu perfume longamente pela casa. Que a sua alegria seja o benfazejo de todos os espaços que ainda não ocupas nas minhas veias. Faça-me teu as 24 horas do dia e eu te faço minha. Sem ressalvas. Corpo e alma em sintonia. Como a música que toca inconscientemente. Assim te quero, incondicionalmente. Mesmo que de forma contraditória.

Que eu coloque os dedos em sua boca quando o silêncio se torne indispensável. Que, ao olhar pelos vidros opacos por causa das gotas da chuva, eu sinta saudade de quando te encontrei pela primeira vez naquela manhã nublada. Que eu saiba calar nos momentos apropriados e, quando necessário, que as poucas palavras que proferir sejam lançadas diretamente ao seu coração. Que eu saiba colocar no papel minhas vicissitudes da alma e toque também na sua. Que, antes de abrires a boca, que eu saiba de antemão o que será dito, confidenciado. Que fales sussurando sem que seja necessário que eu peças: Fale mais alto. Quero-te sem alarde e no silêncio da noite, como se não houvesse mais nada naquele instante de maior importância. Quero deitar na areia da praia, olhar para os lados e, enquanto visualizo o horizonte, lembrar de ti com certa nostalgia. Saudades do que ainda não vivi e senti. Que eu alargue ainda mais meus horizontes. Que eu viva outras vidas, seja muitos mais, que meu passado seja reduzido a poeira. E, principalmente, que você me seja primordial, somente o seu corpo e o que mais acarretar nele. E, que amanhã, todos os outros corpos se resumam a um só: o seu.

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